Heróis da Resistência

“Cinderela às avessas, Kelly Cyclone é morta aos 23 anos” esse foi o título da matéria do Jornal A Tarde de hoje, apresentado na capa em letras garrafais. Em contrapartida podemos observar, em letras menores, o título para anunciar o assassinato de dois policiais militares em Correntina, sendo que nesse mesmo ataque outro ficou ferido.

Não quero dizer que não deva ser noticiada a morte da jovem Kelly, porém há uma diferença no modo de como isso é feito. Afinal além dos milhares de jovens que já a seguiam nas redes sociais outros milhares passaram a admirá-la após a mega exposição pela mídia local do assassinato da “Kelly Ciclone”, a “dama do pó” como era conhecida.



Concordo com a professora Tânia Cordeiro, integrante do Fórum Comunitário de Combate à Violência, quando ela afirma que há uma glamourização do crime por parte dos jovens e quando a mídia faz a espetacularização e a exposição tipo celebridade de uma pessoa que fazia apologia às drogas e às armas só faz aumentar a expectativa deles de que a “vida loka” compensa e é boa.

A mídia deveria se preocupar mais com a formação de caráter e a reflexão das pessoas. Policiais em serviço foram feridos e mortos, sem oportunidade de defesa, isso sim deveria ser exaltado pela mídia, afinal eram homens no seu horário de trabalho para garantir o sustento. 

Mesmo com o salário defasado e acreditando na promessa da GAP V e PEC 300 é que muitos policiais militares arriscam suas vidas, fazendo honra assim ao juramento de formatura, quando saem de casa e pegam muitas vezes o ônibus para chegarem ao posto de serviço e cumprirem com o seu dever de segurança pública.

Aline Mota