6 de outubro de 2017

Primeira mesa da Flica trouxe o debate sobre ancestralidade, feminismo e racismo


A Festa Literária Internacional de Cachoeira já se tornou tradição no calendário de eventos literários do Brasil. A sétima edição, entre os dias 5 e 8 de outubro, segue trazendo para o Recôncavo Baiano influentes nomes da literatura nacional e internacional, com programação para adultos e crianças. 

E para a primeira mesa da festa intitulada “Os reflexos do passado ancestral em nossa pele”, os autores convidados foram Cuti e Carlos Moore (Cuba) com mediação de Zulu Araújo, diretor da Fundação Pedro Calmon.


O etnólogo, cientista político e militante mundial da causa negra, Carlos Moore falou um pouco "Pichón", sua autobiografia, que retrata o que ser negro e sua trajetória. Questionado pelo mediador pela sua coragem em relação ao título da publicação, já que pichón é um vocábulo extremamente insultante filho de urubu em cubano. “Fui chamado durante toda a minha infância assim, esse nome era muito pejorativo” respondeu Moore, referindo-se a história de superação e aceitação enquanto negro.


Entre perguntas sobre “quem sou eu?” e “como você se reconhece?”, Moore e Cuti falaram sobre marcas do racismo na infância e os reflexos positivos e negativos desse processo de aceitação e evolução da sociedade. “Ser negro é muito difícil, mas quando você consegue, é muito gostoso”, respondeu Cuti, mestre e doutor em literatura, parafraseando o amigo Mestre Sombra ao ser questionado sobre ser negro e questões raciais.


Questionados pela plateia sobre o papel da mulher em suas trajetórias, os dois convidados afirmaram que as mulheres contribuíram para a construção da identidade. Para Moore em particular, as mulheres citadas em seus livros são mulheres reais que marcaram e contribuíram para a mudança de sua vida.


“Dois nomes com trajetórias gigantescas numa mesa de abertura. Duas referências sempre consultadas, não importa a direção que se tome, envolvendo complexa teia de dissidências e busca de identidade, embate e desterro, capitulação e resistência”, diz o curador Tom Correia.


Este ano, a abertura contou com o governador da Bahia, Rui Costa, a secretária estadual de cultura Arany Santana, o prefeito de Cachoeira Tato Pereira e o grande público que lotou o Clastro, espaço destinado para as mesas de debate com capacidade para 300 pessoas.

Flica 2017 - A sétima edição, que acontece entre os dias 5 e 8 de outubro, traz para o Recôncavo Baiano influentes nomes da literatura nacional e internacional, com programação para adultos e crianças. Em 2017, estão programados debates literários, lançamento de livros, exposições, apresentações artísticas, contações de histórias e saraus.

Todos os anos, escritores de diversos matizes se reúnem para debater e interagir com o público, que tem acesso gratuito a todas as atrações do evento. A festa costuma atrair mais de 20 mil visitantes a Cachoeira.

Uma novidade deste ano será a curadoria. O escritor e jornalista Tom Correia assume a função ocupada, em 2016, por Emmanuel Mirdad, um dos idealizadores e coordenador geral da Flica.

O Governo do Estado da Bahia apresenta a Flica 2017. O projeto é realizado pela Cali e Icontent e tem patrocínio do Governo do Estado, por meio do Fazcultura, e apoio do Hiperideal, Coelba e da Prefeitura Municipal de Cachoeira.



CRÉDITO: PAULO PAES




2 comentários:

  1. Claudia Saraiva dos Santos07/10/2017, 07:07

    Cada vez mais uma festa sem literatura e império do mimimi, sem falar na insuportável presença dos alunos da UFRB que preguiçosos intelectualmente já aprenderam com seus professores que melhor que pensar e encher seus discurso de citações, papagaios intelectuais do envelhecido pensamento europeu, verniz canastrão do conhecimento. Nunca tivemos tantas pessoas nas universidades e olhem para nossa sociedade como ela se comporta. Poetas sem poesia, romancistas que parecem discípulos de autores de novela e claro, muita intolerância e revanchismo histórico .

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  2. P Q P... é isso aí garota... excelente analogia!

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