9 de abril de 2013

Justiça determina construção de centro para vítimas de contaminação por chumbo


A Justiça Federal na Bahia determinou que a União e a Fundação Nacional de Saúde construam um centro de tratamento para vítimas de contaminação por chumbo em Santo Amaro, na região do recôncavo. Os moradores adoeceram em consequência do descarte inadequado feito por uma empresa de beneficiamento de minérios que funcionou no município por mais de três décadas.

Eles foram os últimos operários da fábrica e há 20 anos vivem se queixando: contraíram doenças provocadas pelo contato com o chumbo.

“Problema de pressão arterial, meus ossos doem e eu não posso caminhar, não tenho força mais para nada", diz o ex-operário Rubem Antonio Soares.

A fábrica operou durante 33 anos, foi fechada em 1993 e produziu cerca de 900 mil toneladas de barras de chumbo e espalhou contaminação pela cidade de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano.

Quando funcionava, a fábrica doava para quem quisesse o lixo da produção, a escória do chumbo. Foi com esse material venenoso que a prefeitura de Santo Amaro pavimentou boa parte da cidade.

Hoje, as ruas já estão calçadas, asfaltadas, mas em qualquer área danificada dá para ver os resíduos do chumbo. Segundo uma pesquisa da Universidade Federal da Bahia, isso contribuiu muito para a contaminação de 18 mil pessoas.

A contaminação por chumbo altera o sistema nervoso, o funcionamento dos rins, provoca anemia, impotência e até perda de memória.

Um médico, coordenador da pesquisa, examinou as vítimas em estágios avançados de contaminação para medir a qualidade de vida.

"Eles têm uma qualidade de vida inferior, por exemplo, a idosos que sofreram fratura de fêmur e estão acamados. Ou pessoas que têm insuficiência renal crônica", explica o médico Fernando Carvalho.

Das 3.500 pessoas que trabalharam na fábrica, 948 já morreram. Foi para atender as milhares de vítimas espalhadas pela região que a Justiça Federal na Bahia decidiu acolher o pedido do Ministério Público: obrigar o governo a construir em Santo Amaro um centro especializado de tratamento. A Fundação Nacional de Saúde tem um prazo de seis meses para cumprir a ordem judicial.

"Para nós que estamos vivos essa decisão da Justiça é uma alternativa porque pode prolongar as nossas vidas”, comenta o presidente da Associação das Vítimas de Chumbo Adailson Pereira

É a esperança de seu Luiz. Passou 15 anos trabalhando na fábrica e há 10 vem sofrendo por falta de tratamento especializado.

"Quando o senhor tem crise para onde o senhor corre, onde o senhor se cuida?” – pergunta o repórter.

“No posto de saúde”, responde Luiz

“E o posto resolve?” – pergunta o repórter

“Por um instante. Aplica uma injeção, manda voltar para casa, me deito e volta à mesma coisa” – finaliza Luiz.

Clike e assista o vídeo da reportagem

Matéria original Jornal Nacional

Um comentário:

  1. demorou muito para tomarem providencia quantas pessoas ja se foram ,e graças a pele algumas pessoas ja conseguiram receber a idenizaçao p comprar alguns medicamentos.

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